Artigos publicados no Jornal da Mathias 2010

Capa da 1ª edição do Jornal da Mathias
Artigos do Vereador Ivo Fiorotti, publicados em sua coluna do Jornal da Mathias no ano de 2010
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Edição 11
Um Balanço do Mandato!
Lá se vão dois anos de mandato. Como no primeiro ano, resolvi fazer um balanço dos trabalhos realizados pelo meu mandato de vereador. Em nível de eleições nunca antes obtivemos tantas conquistas. Elegemos a 1ª mulher Presidenta da história do país, na continuidade dos projetos do governo Lula. Elegemos Tarso governador, retomando o projeto no estado. Reelegemos Paim Senador e Marco Maia Deputado Federal. Pela primeira vez, elegemos um deputado estadual de nosso partido, Nelsinho Metalúrgico.
Nosso mandato encaminhou 72 Pedidos de Providências, 2 homenagens (30 anos da Associação União dos Operários e pela presença da Igreja Anglicana no Brasil), 12 indicações a outros órgãos públicos e 7 requerimentos convidando autoridades para o debate na Câmara. Encaminhei sete projetos, sendo o único vereador com seis leis municipais aprovadas e um Decreto Legislativo, em 2010: (1) Institui a Semana da Música, Lei 5.515/10 (bancada); (2) Dá nome às ruas no Loteamento São Luiz (Rio Branco), Lei 5.529/10; (3) Dá nome às ruas da Vila Natal (Harmonia), Lei 5.528/10; (4) Dá nome à Praça Antonio Carlos Teixeira Vianna (Guajuviras), Lei 5.494/10; (5) Dá nome às ruas no Residencial das Acácias (São José), Lei 5.050/10; (6) Dá nome à Rua Ilha Bela (Bela Vista, Estância Velha), PL 48/10; e, Institui o Prêmio Líder Comunitário Canoense, DL 2/10. 
No bairro Mathias Velho, destaco o apoio às conquistas de obras no Orçamento Participativo, a atuação na Comissão que acompanha a construção da Rodovia do Parque, a votação de projetos de obras como a Revitalização do Centro Social Urbano, a revitalização da Praça Pio X e na defesa e aprovação de mais de setenta leis que o Prefeito enviou à Câmara.
Acima de tudo, é gratificante a população ler nosso 2º Jornal do Mandato e aprovar nosso trabalho. Um Feliz Natal e Promissor Ano de 2011 a todos! Que tenhamos muitas alegrias, vitórias e realizações. Muita Paz e um abraço a todos!
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
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Edição 10
Mathias Velho, eterno canteiro de obras!
Mais de setenta por cento dos moradores do bairro Mathias Velho ou nasceram ou chegaram a menos de uma geração. Gosto de ter longas conversas com moradores que moram aqui há mais de três décadas, antes de minha aquerenciada.
Foi num destes bate-papos com “seu Pedro” sobre as obras em andamento que me sentenciou de forma sábia e malandra: “a Mathias é um eterno canteiro de obras!” 
Fiz-lhe então alguns comentários, que gostaria aqui partilhá-los com vocês em futuras conversas. Nesta vou tratar de um deles: as obras que qualificam o escoamento das águas das chuvas e a proteção das cheias.
Em 1951 inicia o loteamento. Depois de 15 anos e muitas inundações iniciou-se a construção do dique de proteção na parte norte e oeste do bairro. Para escoar as águas das chuvas pra além do dique, construiu-se a primeira casa de bombas. No início da década de noventa construiu-se a segunda casa de bombas, garantindo proteção e escoamento pluvial aos moradores da Getúlio Vargas e bom Sucesso. 
Dentro do projeto, anunciado em detalhes na última edição deste jornal, no valor de 69,6 milhões do governo federal, 92% a fundo perdido, será construída uma galeria em toda a extensão norte na forma de “U”, uma nova casa de bombas, a conclusão da pavimentação da Rua Curitiba, uma ciclovia e um complexo de micro-drenagem desde a vila União dos Operários até a Curitiba.
Após sessenta anos estamos concluindo a contento o processo de obras do escoamento das águas das chuvas. E o tratamento do esgoto? E a conclusão dos asfaltos?  E as vias arteriais? E assim por diante! Quantos anos ainda serão precisos para garantir obras suficientes para qualificar a Mathias Velho no mesmo nível que a população nas regiões centrais de Canos?
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
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Edição 09
Rodovia do Parque: sonhos e pesadelos!
Como Presidente de uma Comissão Externa da Câmara de Vereadores, acompanho a construção da rodovia do Parque. Convido para que façam uma visita próximo à prainha do Paquetá pra ver a quantidade de barro retirado, o aterro chegando e as bases da obra de arte de acesso à Canoas; no bairro Rio Branco, ao lado das engarrafadoras de gás, verão os pré-moldados gigantes que serão utilizados para as elevadas e a tal de ponte estaiada, uma atração turística por sobre o Rio Gravataí; ou na Tabaí, e ver as colunas que sustentarão o viaduto e os acessos. 
Serão necessárias milhões de toneladas de saibro e areia para o aterro, em cima do qual serão construídas três pistas em cada um dos sentidos entre a Tabaí e a Freeway.  Estamos sentindo o impacto de centenas de caminhões rasgando as ruas dos bairros Harmonia e Mathias Velho, aumentando as possibilidades de acidentes de tráfego e com os transeuntes. Sem contar, os danos causados no asfalto com cargas superiores a 60 toneladas.  Como me dizia um morador que via nosso esforço para que os caminhões não saíssem da rota acordada com a prefeitura: “será um lindo sonho quando estiver pronta, mas será um pesadelo até a sua conclusão!”
Os pesadelos acompanham os belos sonhos! Mas, quando ocorrem, aprendi que devemos criar condições para que sejam superados. É assim que continuaremos perseguindo propostas para que os efeitos sejam minimizados. A empresa que gerencia esta construção estará na Câmara de Vereadores no dia 02 de dezembro para ouvir sugestões e apresentar as ações que permitem ver esta obra mais como sonho do que como pesadelo! 
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
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Edição 08
1º CONGRESSO DA CIDADE DE CANOAS
Deveria lhes falar da decisão popular pela continuidade do projeto político capitaneado pelo PT e partidos aliados, com a eleição de Dilma Vana Rousseff, primeira mulher presidente do Brasil. Falar dos temas que foram defendidos pela vitoriosa na área da educação, saúde, segurança, desenvolvimento, inclusão social e o “bilhete premiado” do petróleo da camada pré-sal. Ou ainda, dos temas que dividiram opiniões como a descriminalização do aborto, a união civil de homossexuais, as “baixarias” na internet e tantos outros temas que, com certeza, irei abordar em futuras conversas.
No entanto, quero lhes falar de uma iniciativa que está envolvendo os gestores municipais e as lideranças de todas as organizações sociais do município: a construção do 1º Congresso da Cidade. Pretende ser um processo de ampla discussão e formulação de uma estratégia para os próximos 10 anos. Trata-se de sonhar e planejar o nosso futuro, através de reuniões, seminários temáticos (desenvolvimento, cidadania, infraestrutura), encontros regionais nos quatro quadrantes para, finalmente, cerca de 500 delgados decidirem em congresso quais as grandes diretrizes que irão conduzir uma Canoas melhor para todos.
Os seminários vão ocorrer nos dias 3 e 4 de dezembro e os encontros regionais estão previstos para o início de março do próximo ano. A data do congresso quer fazer jus ao dia da fundação de canoas, 14 de abril. Haverá inúmeros convites às lideranças e a comunidade em geral para participar destes e outros eventos. É um privilégio morar numa cidade que promove esta iniciativa inovadora.
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
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Edição 07
PRA AUXILIAR NA GRANDE ESCOLHA
Sou daqueles que têm lado e defendo que todos devem tê-lo nas grandes decisões. Prefiro os que enganam nas escolhas aos que nunca tomam posição. O equívoco pode ser reconhecido e superado, quando existe vontade de acertar. O indiferente não assume responsabilidade. Quem é indiferente não existe para a cidadania, é uma nulidade.
Na reta final as pesquisas uma grande parte no projeto da DILMA e outra no projeto do SERRA. Existe pequena parcela que ainda não tomou posição. Dos que já tomaram, cerca de 10% podem mudar de voto. 
Olhando para o perfil dos entrevistados: apostam em Dilma os que ganham salários menores e tem menor escolaridade; no Serra, os que têm maiores salários e maior escolaridade. Podemos concluir que a maioria da elite social e econômica está com Serra e a maioria da grande base social e econômica está com Dilma. Sempre há exceções.
Como já afirmei aqui em conversa anterior, penso que a definição do voto deve referenciar-se nos projetos dos governantes. E sabemos quem é que está com o projeto de governo que criou o Prouni, as Escolas Técnicas Federais, o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e tantos outros programas para a população que está mais na base da pirâmide social e econômica; sabemos quem é do projeto que quer vender as empresas públicas, vender os direitos para particulares explorarem as riquezas do petróleo do pré-sal, ou seja quem está mais no topo da pirâmide. A escolha é de cada um: que seja responsável!
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
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Edição 06
OS FRUTOS DA VOTAÇÂO DOS CANOENSES
Nas eleições em nível estadual e nacional sempre nos perguntamos: por que os canoenses votam majoritariamente em candidatos de fora Canoas? Para abocanhar votos locais, os partidos devem lançar vários candidatos. Daí já vem à pergunta: com muitos candidatos, ninguém se elege? Vamos aos números!
Cerca de 35% dos votos dos canoenses foram assinalados nos candidatos a deputado federal de Canoas. Os dois deputados canoenses se reelegeram com a grande maioria de votos de não canoenses: Marco Maia obteve cerca de 29% de sua votação na cidade e Luiz Carlos Busato cerca 17% de votos canoenses.
Para deputado estadual, 61% dos votos dos canoenses ficaram com as candidaturas locais. O único deputado estadual eleito, Nelsinho Metalúrgico do PT, obteve 66% de sua votação na cidade de Canoas.
Na votação geral para deputado federal, tendo ou não candidatura local, o PT ficou em 1º lugar com 31,02% (Marco Maia), seguido pelo PTB com 15,17% (Luis Busato) e pelo PCdoB com 13,24%. O PSDB abocanhou 8,12% (Carlos Eri), seguido pelo PMDB com 7,80(Xirú), pelo PDT com 4,98%, pelo PSOL com 4,23, pelo PSB com 3,24%, pelo PP com 2,42%, pelo PV com 2,3%, pelo DEM com 2,28% e pelo PRB com 2,11%.
Na eleição para deputado estadual, o PT abocanhou 29,7%(Nelsinho, Maria Eunice, Emilio e Estram) dos votos válidos, seguido do PSDB com 19,4%(Airton, Coffy e Ronchetti) e do PTB com 14,7% (Jurandir e Dr. Pompeu). Em quarto vem o PMDB com 10,5% (Mossini), seguido pelo PDT com 8,1%(Dr. Walmor), pelo PV com 3,7% (Gisele), pelo  PP com 2,8%, pelo PRB com 2,3% e pelo DEM com 2%.
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
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Edição 05
A Grande Democracia das Eleições
São 50.699 eleitores da zonal 170 que votam nas urnas do bairro Mathias Velho e São Luís, mais as vilas Santo Operário, Natal e Porto Belo, em Canoas: 48% são homens e 52% são mulheres. Temos 1.267 analfabetos e 1.115 eleitores jovens de 16 e 17 anos que optaram por assumir sua cidadania.
Andei bastante nos últimos meses conversando com a população e tenho tirado  conclusões que gostaria de partilhar com os leitores: 1º - Existe uma considerável parte da população que está decidindo seu voto tomando como referência as realizações ou as omissões do governo federal e estadual. Isto revela um voto mais consciente, apostando na continuidade dos que realmente são eficientes na gestão pública e trocando os que têm causado prejuízo; 2º) Ainda existe uma grande maioria que utiliza os mais diversos motivos para referenciar seu voto:  vão desde o problema na sua rua, uma questão pessoal ou  a aparência dos candidatos. O processo das eleições que ocorre a cada dois anos não é suficiente para que o eleitor compreenda o poder e a responsabilidade de seu voto. Neste sentido, penso que outros processos como o Orçamento Participativo e o próprio processo educacional tem muito a contribuir.
Falando mais concretamente das propostas em disputa: inegavelmente as boas realizações do governa LULA estão balizando o voto da maioria da população, tanto para a reeleição do projeto nacional como para as demais candidaturas que o representam nos estados, no senado e nos parlamentos. Ainda proliferam fenômenos que têm nascedouro em artistas ou apresentadores de programas com grande exposição na mídia. Estes tendem a canalizar votos de protesto, mas também tendem a referenciar-se em alguém que venceu na vida.
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
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Edição 04 a
Democracia participativa 
Os moradores do Bairro Mathias Velho estão fazendo parte das decisões dos investimentos públicos municipais. Nosso Bairro está de parabéns! Um em cada três canoenses que votou na terceira rodada do Orçamento Participativo - OP, tanto no ano passado como neste ano, é morador de nossa região noroeste. Foram cerca de seis mil  nesta terceira rodada, no último domingo, só nos Bairros Harmonia, Mathias Velho e São Luís.
O processo do OP que envolveu em 2009 cerca de 13 mil canoenses, neste ano de 2010 quase dobra, ultrapassando os 25 mil cidadãos canoenses. São cerca de 12% dos eleitores canoenses! Esta é uma revolução democrática: o governante municipal oportuniza a todos e significativa parcela livremente aceita fazer parte na decisão de quais obras devem merecer os investimentos públicos.
Lembro-me da reflexão de Rousseau, teórico político francês do século 18: qual forma o governante deve utilizar para oportunizar a expressão da “vontade geral” dos cidadãos, para que se garanta a superação da servidão em busca da liberdade? Com certeza, o OP é uma destas ferramentas! Embora recente na administração municipal e numericamente pequena até o momento, o fato de ter dobrado é um promissor indicador de credibilidade. As lideranças comunitárias estão percebendo seu poder de mobilização e eficiência na solução de demandas públicas.
A população se educa na compreensão do processo do Orçamento Público com suas rotinas e tempos e, na sua execução, da fiscalização e controle sobre o que foi conquistado. Tenho acompanhado o sucesso que tem sido as Comissões Cidadãs de Obras, as plenárias de delegados e as reuniões de Conselheiros.
Desejo vida longa a esta forma transparente, educativa e eficaz de cidadania que fortalece nossas instituições públicas municipais.
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
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Edição 04
Continuando o sonho da Rodovia do Parque
Dois motivos me levam a dialogar com vocês sobre este assunto mais uma vez. Primeiro, porque nos últimos dias tem aumentado os engarrafamentos, no início da Avenida Rio Grande do Sul. Segundo, porque cinco pessoas que leram meu artigo anterior entraram em contato comigo para saber de como seriam as ligações da Mathias com a BR 448.
Quanto aos engarrafamentos podemos pensar: o povo “mathiense” está adquirindo mais carros com a elevação do nível de vida e deveriam se acostumar a usar mais o ônibus público; o planejamento público de mobilidade urbana foi míope no bairro e quem está penando são os moradores; Etc., etc. e tudo tem sua parcela de verdade. Uma pessoa me sugeriu mudanças que amenizariam: permitir seguimento livre na pista de saída á esquerda, enquanto na direita haveria alternância entre quem vem da Mathias e quem vem do retorno.
A grande solução, no entanto, serão as ruas coletoras que terão que ser providenciadas ao longo da Mathias até a futura Rodovia das Canoas, a qual seguirá até o acesso a Rodovia do Parque. Aí teremos muitas e não só uma passagem de dentro para fora e de fora para dentro do nosso bairro Mathias Velho.
A facilidade de deslocamentos da população só é possível se os responsáveis governantes criarem as possibilidades de múltiplos acessos. Garantir mobilidade é garantir também qualidade de vida aos moradores, deixando de se estressar nos congestionamentos e diminuindo o tempo nos deslocamentos.
 (Opiniões e sugestões  pelo email: ifiorotti@brturbo.com.br)
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
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Edição 03
As vitórias da União dos Operários 
Gratificação! Este foi o sentimento que vivenciei ao participar, com o prefeito Jairo Jorge, do ato de assinatura da Regularização da Vila União dos Operários. Olhava para o rosto de pessoas que há mais de 30 anos chegaram à vila e, num relampejo de memória, revivia suas histórias pessoais e de nossas lutas comunitárias que nos orgulham.
Reverenciei os que já partiram. Em cada rosto presente, sentia a curiosidade do ato e a alegria de que algo de importante estava acontecendo. Até que enfim, temos uma gestão municipal que olha pra nossa vila com mais carinho e respeito como cidadãos.
Está de parabéns a diretoria da Associação de Moradores por ter mobilizado no Orçamento Participativo. Estão de parabéns os vereadores por terem aprovado o orçamento indicado pela população. Está de parabéns o governo municipal por estar viabilizando a regularização fundiária da vila.
As Escrituras são o sonho de mais de 1.200 moradores. Não importa se vai levar até 5 anos ou mais. O que importa é que iniciamos o processo e temos a certeza dos governantes de que agora é pra valer mesmo.
Estamos honrando o nome de nossa vila: aqui prevalece a união! Desejo que saibamos honrar o nome de nossas ruas que são marcas de nossa história: o sino da união dos primeiros moradores; a lembrança dos romeiros que nos ajudaram na expansão da vila; a data da vitória de nossa posse, no dia 18 de novembro; a libertação com a conquista da terra. Quem sabe, uma outra de nossas ruas vá receber o nome de “4 de setembro”, pra lembrar este dia do início da regularização?
Aprendemos com nossos 30 anos de caminhada que só com nossa organização e união e com um governo democrático e que nos ouve e acolhe podemos ser mais cidadãos.
Um abraço a todos os moradores! Uma prece de agradecimento a cada um que ajudou nesta caminhada. Para mim, só há sentimentos de gratidão e orgulho!
 Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
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Edição 02
SONHANDO COM A RODOVIA DO PARQUE
Lembro de uma conversa que tive numa das visitas de meu primo “Toninho”, faz seis anos. Construtor sagaz tecia uma série de opiniões sobre o que sabia do município de Canoas. Olhando para o mapa, perguntou-me por que o bairro Mathias Velho e região se pareciam como uma asa de avião. Em cerca de dez minutos resumia-lhe o processo de formação deste bairro. Ouvia-me atentamente com aquele olhar longínquo e só me interrompeu quando lhe falei da Rodovia do Parque, com o seguinte comentário: “com esta nova rodovia, serei obrigado a te visitar mais seguido, pois ela passa a menos de um quilômetro de sua casa. Atualmente, tenho que fazer cinco quilômetros da BR 116 até sua casa”.
Foi assim que me “caiu a ficha” das inúmeras vantagens que nós moradores da parte mais ao oeste do bairro Mathias Velho teríamos com esta nova rodovia.  Evidente que a primeira foi a percepção da facilidade de nos deslocarmos para fora do bairro, tanto em direção á capital como em direção ao interior do estado. Quanto se falou de que deixaríamos de ser o “fundão da Mathias”, para termos na região uma das principais entradas da cidade.  Estamos nas proximidades do acesso de ligação com nosso município pela Rodovia das Canoas, entre a prainha do Paquetá e a empresa Bianchini. E as possibilidades no desenvolvimento da região em nível de investimentos, bem-estar social e pessoal, auto-estima, etc.
Em todos os diálogos que tenho tido nos últimos cinco anos em que a Rodovia do Parque está deixando de ser um sonho para ser uma realidade, o que tem me despertado a atenção foi um simples fato: ninguém consegue ficar indiferente a esta novidade! Todos me falam de um desejo ou de um sonho pessoal em decorrência desta rodovia.  Uns mais arrojados outros mais tímidos. Para a grande maioria uma obra que desperta estimula a sonhar com novas possibilidades; são tão poucos os que se mostram indiferentes ou que expressam uma opinião negativa: dá pra contar nos dedos.
É evidente que alguns se anteciparam e devem ter adquirido bons “nasgos de terras” nestas bandas a oeste de Canoas pra aproveitarem o novo cenário e comercializá-los com vantagens. Defendo que o poder público deverá aproveitar o a nova conjuntura e tirar o máximo proveito no sentido de reparar o déficit de espaços com equipamentos voltados á saúde, educação, lazer, esporte e cultura, pra citar os principais. Sem esquecer, é claro, de pensar vias de mobilidade que facilitem o tráfego e o deslocamento de todos!
Se na imprensa vemos que o grande sonho desta rodovia é ser uma alternativa aos engarrafamentos das BR 116, para nós mathienses ela desperta muitos e tantos outros sonhos pessoais e comunitários.
(Opiniões e sugestões a esta coluna pelo email: ifiorotti@brturbo.com.br)
Ivo Fiorotti
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Edição 01
Bairro Mathias Velho:
Conhecer o ontem para entender o hoje e construir o amanhã!
As palavras do prefeito Nelson Paim Terra, em 1949, resumem profeticamente a dinâmica urbana municipal: “Canoas se viu transformada de pacata aldeia de veranistas ricos, em subúrbio econômico e social de uma metrópole que surge (...) as ruas nascem, muito antes das casas. Os moradores não se localizam em filas e sim em sítios esparsos, que lentamente se retalham. Todos ao mesmo tempo gritam por ruas, bueiros, calçamento, água, luz, transportes, escolas, assistência sanitária, policial...”. Cidade dormitório da capital, a cidadania canoense “grita” com os poderes públicos.  Com a chegada da Refinaria e das fábricas, da pujança do setor terciário de inúmeras lojas e redes de serviços nas últimas quatro décadas, Canoas ainda é um município em busca de sua vocação como cidade! Vejamos duas dinâmicas de ocupação urbana da região noroeste, a região das cheias do Rio dos Sinos.
O Bairro Mathias Velho tem suas origens “urbanas” a partir de um acordo comercial entre a Sociedade Territorial São Carlos e três casais herdeiros dos Brito Velho, em 1951, na breve gestão do quarto prefeito nomeado do município: coronel João José de Medeiros.  Um belo paraíso era propagandeado pelos corretores: “um local para retemperar o corpo e o espírito fatigado do ambiente asfixiante da cidade”! Uma foto de 1964, antes das avassaladoras enchentes de 1965 e 1967, mostra as poucas mais de 400 residências entre a Guilherme Schell e a Rua Pelotas, abrigando em sua maioria operários construindo a Refinaria Alberto Pasqualini. Na Câmara de Vereadores surgia o debate de mudar estas residências para o leste da cidade, uma possibilidade admitida pelo então prefeito Hugo Simões Lagranha, que após grande pressão local busca verbas federais para a construção do atual dique norte - oeste de proteção as cheias do Rio dos Sinos. Os diques heroicamente protegeram, mas isolaram os moradores do bairro que, para se comunicarem com o exterior tem somente cinco passagens na parte leste, as quais permitem transpor a linha do RENSURB para chegar à BR 116. O acesso à BR 448, a Rodovia do Parque na parte oeste, coloca o desafio dos acessos secundários para garantir qualidade presente e futura na mobilidade da região.
Em 1952, em Porto Alegre foi fundado o “Jockey Club de Canoas”, o qual foi inaugurado em maio de 1958. Moderno para a época possuía uma sede social para 800 pessoas. Foi pioneiro no estado com corridas de cavalo noturnas. O município passou a arrecadar impostos sobre as apostas a partir da gestão do agora segundo prefeito eleito pelo voto popular, Coronel João José de Medeiros, baseado na lei aprovada no apagar das luzes de seu antecessor o prefeito Sezefredo Azambuja Vieira. Conhecido popularmente como “Prado”, floresceu enquanto não houve enchentes na primeira parte da década de sessenta, espaço esportivo exótico aos moradores da região. Sucumbiu nas dívidas e foi encampado pela CEEE, que em leilão foi adquirido por três famílias visando à especulação imobiliária. Mas a sorte sorriu para uma parte dos milhares de migrantes que chegaram á Canoas atraídos pela propaganda visando à construção do Pólo Petroquímico de Triunfo, tendo posse reconhecida pela justiça em novembro de 1983. Assim o povo do Prado, para além dos gritos aos poderes públicos construiu um loteamento popular com mais de 834 lotes. Do grito ao diálogo, hoje sua população busca o asfalto e suas escrituras na política pública do Orçamento Participativo.
1ª Coluna de Fiorotti no Jornal da Mathias
Este panorama introduz uma perspectiva de debate que pretendemos aprofundar, nesta coluna em temas pontuais, envolvendo o presente e o futuro de nosso bairro. È um bairro com carências de espaços públicos nas área do esporte, cultura e lazer, sobretudo quanto mais se avança para a região oeste.  Sem falar de educação, da geração de renda, da segurança e da saúde. No entanto, adotei-o como morada no início da década de oitenta e, desde então, tenho engrossado as fileiras daqueles que buscam o seu progresso com bem-estar para todos. Com minha história de militância e meus conhecimentos nas áreas da filosofia, da teologia, das ciências sociais e políticas pretendo colaborar com esta coluna, aprofundando com meu ponto de vista o debate das idéias, mas muito mais, das ações que são necessárias para avançarmos rumo a um município e a um bairro com identidades que nos orgulhem. Que belo exemplo nos dá o Grupo Canta Brasil para a identidade de nosso bairro. Temos possibilidades de avançar com projetos de políticas públicas amplos como a Praça da Juventude, Territórios da Paz, Regularização Fundiária e tantos outros. Vamos ao debate e a ação. Abraços a todos!
Ivo Fiorotti – Licenciado em Teologia e Pós-Graduado em Ciências Políticas, vereador do PT.

Um comentário:

  1. Prezado Ivo Fiorotti, venho acompanhando estudante do Mestrado em História da UFSM, o qual desenvolve pesquisa a respeito das CEBs no bairro Mathias Velho. Essas comunidades eclesiais, segundo ele aponta, são centrais nas ocupações de terreno que originam a Vila Santo Operário e a Vila União dos Operários. Lendo seus artigos, fico com a idéia de que a primeira ocupação ocorreu na área do antigo Prado, confere? Isto a partir do Natal de 1979.
    Cordialmente, Vitor Biasoli (professor de História / UFSM).

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